quarta-feira, 2 de junho de 2010

"O AMOR DE JOÂO"

Texto da atividade da aula de ofina de textos, profª livia Barbosa( as palavras em destaque eram obrigatorias no texto)


Aline era uma menina de beleza sedutora. Cabelos longos, olhos azuis, apaixonada por rock. É, na verdade ela era bem eclética em seus gostos porque, além do rock, adorava comer açaí com peixe frito e curtia teatro. Morava com os pais em Mosqueiro, os quais eram donos de uma loja de mesas com a qual, devido a esperteza do casal, acumularam muito dinheiro.

João era um garoto tímido e feio que gostava muito de leitura poética e raramente saia para se divertir. Também morava em Mosqueiro, mas não tinha pai e nem mãe, levava uma vida triste e tinha um ar bisonho. Diariamente, João sentava-se em uma cadeira que ficava no pátio escuro de sua casa para, segundo ele, “poder apreciar a beleza que passava“.
   Aline era muito vaidosa, normal para uma adolescente de 18 anos, vestia-se bem e em sua bolsa, o que não faltava era espelho, perfume e maquiagem (ah, também levava sempre sua “tartaruga de estimação”, um chaveirinho que, quando criança, ganhara de sua avó Zilá). Todos os dias ela andava na praça de seu bairro e dava voltas e mais voltas para não perder a forma, pois odiava academia.
  Era isso, a beleza de Aline, que João admirava todos os dias, o que fez com que ele alimentasse um amor platônico por ela. Mas, sabia perfeitamente que jamais seria correspondido, até mesmo porque seu mais liberal e confidente amigo ( que também era seu professor de matemática ), em quem confiava muito, lhe disse que isso nunca seria possível, que ela não iria querer nem ser sua  amiga .
  O que eles não se lembraram foi que o destino é imprevisível e guardava uma surpresa para João. E, entre devaneios apaixonados, admiração, sofrimento pela não correspondência daquele amor, que os dias se passavam e o garoto ficava cada vez mais encantado por Aline, era como se um veneno interagisse com seu sangue e tomasse conta dele.
  Certo dia, ao voltar do colégio, Aline percebeu que não encontrava seu chaveiro e após tacar tudo para fora de sua bolsa percebeu que ele havia se esvaído e então exclamou: “Égua! não acredito que perdi meu chaveiro!. Ao ser indagada pela mãe sobre o porquê de tanto stress ela respondeu: Porque não posso ficar sem ele!”
  Voltou correndo refazendo o caminho para requerê-lo com quem o tivesse encontrado, pois aquilo fazia parte de sua história, era como se fosse sua identidade infantil. Ao chegar perto da praça, onde morava João, já umas seis horas da tarde, ouviu alguém a chamando baixinho e parou. Era João que havia encontrado seu chaveiro e queria devolve-lo.
  Ao se aproximar ela percebeu que o garoto estava pálido e com aparência de preocupado, ele lhe devolveu o chaveiro e saiu. Aline foi atrás, pois queria lhe dar alguma coisa em troca, o parou e perguntou o que gostaria de ganhar. Ele tímido e com as pernas bambas, respondeu de cabeça baixa: “Quero que saia comigo no domingo
  Isso foi horrível para Aline, o menino era feio e iria acabar com sua fama no bairro, mas aí vinha a dúvida de como poderia negar um passeio para alguém que encontrou algo que ela gostava tanto? Isso seria o mínimo que poderia fazer, pensou. Eles então  marcaram e depois desse, outro, e depois outro, até que os dois passaram a se ver todos os dias e tornaram-se grandes amigos, isso na concepção dela.
  Até que certo dia, ele resolveu se declarar, pois não aguentava mais sofrer calado. Levantou-se, terminou de escrever e ensaiar uma canção − que a ofereceria −, tomou um gole de caipirinha no bar da esquina − o que não era de costume − para criar coragem, e foi a casa dela. Encontrou-a na janela, entrou e sem rodeios declarou-se com toda a sinceridade de seu coração, era como se estivesse suprindo uma necessidade.
  Aline o olhou fixamente com seus meigos e azuis olhos e começou a chorar, era a declaração de amor mais linda e sincera que havia recebido, mas infelizmente não o correspondia. Ela disse que o amava como amigo e por isso não poderia namorá-lo. “não” essa agora era a palavra de maior truculência que João havia escutado na vida, não por ela necessariamente, mais por ter esperado tanto por seu opositor “sim”.
  João por sua vez não insistiu, saiu lentamente pela porta da casa e foi embora. E desde aquele dia ela nunca mais voltou a vê-lo. Apenas recebeu um papel com a letra de uma canção e escrito embaixo: quero que a guarde com carinho, pois a fiz pra você, nunca esqueça que serás sempre lembrada por mim como a menina dos meus sonhos e que te amarei eternamente


  
        

Nenhum comentário:

Postar um comentário